17.7.08

Hanna Luara e a cidade do medo

De longe eu a reconhecia, era sim aquela paisagem linda que eu via sempre em meus sonhos, mas num flash me senti desconsolada quando desviei o olhar e vi que antes da linda paisagem havia um enorme abismo. Tive uma sensação não muito agradável, uma vertigem com direito aos pensamentos mais tortuosos. Já estava no final do caminho, subi no alto de uma montanha, de onde eu podia observar bem, o que me esperava, ou não.

A cidade que eu tanto observara, são os meus desejos, coisas pela qual tanto lutei e o abismo são meus medos. Quando lutamos por algo somos tomados pela paixão de vencer, o que nos faz caminhar pelo caminho vendados, atravessando os obstáculos sem nem perceber. Mas quando finalmente conseguimos, as pessoas sedem a sua opinião nossas vendas caem e somos então tomados pela responsabilidade das nossas decisões, ao invés de corrermos com sede ao pódio, andamos mais devagar, com mais cautela, e observamos duvidosamente qualquer obstáculo e pensamos seriamente se vale à pena continuar a nossa jornada sozinha, ou devíamos recuar e concordar com todos.

Então minha venda caiu, eu vi a cidade na minha frente, mas vi de perto também seu abismo, fiquei em dúvida se era aquilo mesmo que eu mais queria. Deixei tudo e todos para trás, para me arriscar em um abismo. E se eu cair? E se eu não cair e conseguir? Foi à hora em que eu compreendi que cada escolha é uma renúncia e que agora eu tenho que ser mais forte do que todos que eu enfrentei para agüentar as conseqüências da minha escolha.

O vento bate nas minhas costas me lembrando de apressar minha decisão, vou em frente desço da montanha, pulo o abismo caio, ou não caio pra então chegar, ou não, na cidade, ou desço a montanha e volto pra casa sem nenhum risco de cair, mas sem nenhuma esperança de desfrutar dos prazeres da tal cidade, continuando sem respirar bons ares.
E Deus não me deu asas, mas também me poupou de certas limitações mentais.

*Luaclara disse que Deus não dá asas a cobra!

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