27.11.08

Fazendo as pazes



Há algum tempo eu nasci, me disseram que era a coisa mais linda do mundo,o que eu duvido porque bebês recém-nascidos são todos iguais,ou para falar a verdade parecem alienígenas, mas enfim, pelos relatos eu era uma criança maravilhosa que gostava de ir pra escola,de conversar com animais e de sorrir muito.E todo cuidado e carinho do mundo se concentrava na mão dos meus pais,que sem dúvida eram os melhores pais do mundo(me ajudavam na lição).
Eu sempre fui muito feliz, o cargo de filha única não me rendeu como muitos imaginam um milhão de presentes, mas muitos abraços e carinhos.Ganhei meu primeiro cachorro aos 7 anos,uma das minhas melhores conquistas. Tive bolsa de rodinhas,e um lápis de cor de 24 cores,um fogão e uma geladeira de boneca.Morria de medo do chupa-cabra e amava Sandy e jr..Queria ser bailarina quando crescer,mas tinha medo de fazer balé, por não saber escalar. Tomei gosto pela leitura já grandinha, meus livros preferidos da infância foram ‘A Bolsa Amarela’ e ’ Ritinha Está Crescendo’.Tinha um sonho de fazer uma franja,odiava pudim e cortado de abóbora com quiabo.Irmãos sempre me fizeram falta, até que eu arrumei alguns primos-irmãos. Dei algum trabalho anos atrás,quis ir embora e fui,mas voltei.
Hoje eu ainda sou feliz, tenho um pouquinho da criança maravilhosa que eu fui,um montão de adolescente estressada que eu sou, tenho meu cachorro de 10 anos, meus pais que não me acham mais tão fofinha assim,mas são tão bons e cuidadosos como antes. Descobri a felicidade num baú debaixo da minha cama, com chuva,arco-íris,doce de leite, bolacha de morango,praia,almoço no domingo,beijo na boca,morro, vento, cachoeira, caderno, cd ,carta,amor e amizade.

7.11.08

Quase Sem Rumo - El Niño

Eu hoje não me levo tão a sério
Me perco nesse tráfego aéreo
Não tenho nada mais pra explicar

Preso nesta areia movediça
Um segundo que não se finaliza
Uma eterna noite sem luar

Quase sem rumo
Tantas estrelas pra contar
Tantos lugares pra chegar

O mundo é uma bola de água e terra
Aqui todo ciclo se encerra
Como as estações que vêm e vão

Eu hoje não fico tão aflito
Já sei surfar na orla de um conflito
Com a água escorrendo pelas mãos

Quase sem rumo
Tantas estrelas pra contar
Tantos amigos pra encontrar

Todas as tribos
Lugares precisos
E o velho mundo pra conhecer

Tantos destinos
E eu clandestino
Na eterna busca de um prazer


enfim...o fim

Ainda me lembro do meu primeiro dia de aula na primeira série, como eu olhava para todos empolgada e minha cabeça fervilhando de milhões de idéias e perguntas, a escola era um bom lugar, como eu sentia prazer de estar ali, ouvir histórias, inventar histórias,cantar,ser eu expressando o auge da felicidade no meio de toda aquela gente. Os professores todos super atenciosos, na minha imaginação eram deuses míticos, começavam misturar fantasia e realidade para dar uma explicação ao mundo, incrementavam o universo de cores e luzes que eu trazia em mim dos meus sonhos.

Porém um dia a fantasia, a tolerância, o respeito acabou, eu esvaziei meu universo de cores e luzes e vi que meus professores não passavam de adultos arrogantes e céticos.Senti muitas saudades do que eu vivi um dia, busquei desesperadamente achar um colégio perfeito, mas hoje o bicho chamado vestibular, dominou tudo,aula de filosofia virou de biologia pra todo mundo passar em medicina e aula de artes virou matemática pra todo mundo ser engenheiro.

Nesse meu tempo de colégio acompanhei uma evolução clara, a evolução da perda de personalidade e desvalorização do simples. Se antes tudo era meio fantasioso, pensava-se primeiro em caráter e depois em canudo, hoje se tornou mais simples colocar um arreio chamado vestibular em todos os alunos transformando-os em burros de carga com uma educação padronizada que não prega nenhum senso crítico. Resumindo a escola virou uma máquina capitalista que não se importa ( na maioria da vezes) com o ser humano, preocupa-se em sustentar o egoísmo medíocre de pais e alunos que não conseguem enxergar nada além do próprio umbigo.

Estou de saída, mas aliviada, não por não gostar de estudar, mas por ter me livrado de tantos alienados ao meu redor ( com todo respeito). Colegas alienados, que apesar de já terem vivido anos suficientes não sabem o que é a vida, não sabem o que ajudar o próximo, não sabem querer mais do que garantir o seu próprio futuro. Professores alienados, que nos enfiavam absurdos guela abaixo sem sequer nos explicar mais um pouquinho do mundo real ou fazendo questão de nos desprezar ‘já que vc não sabe matemática, você é inútil’ pregando esse tipo de filosofia burra.

Me sinto privilegiada por não ter me estressado, nem ter arrancado meus cabelos nessa fase final e me acho incrível por ter sobrevivido. Parabéns pra mim.

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desapegar   v. tr. 1.  Despegar. 2.  Fazer perder a afeição a. v. pron. 3.  Perder a afeição a. 4.  Perder o interesse, o e...