17.7.08

Perdidos...

Saio na rua vejo tudo, olho tudo, mas sinto um vazio, está faltando alguma coisa e não é o semáforo, nem a faixa de pedestres, nem os bancos na praça. É algo maior, é nas pessoas, elas continuam aqui, mas falta alguma coisa. Olhares insípidos me cercam e eu consigo identificar o que me incomoda, volta a olhar ao redor de novo e sem saída vejo a sociedade que estamos formando, tão superficial, tão incrédula num futuro melhor, nenhum ideal revolucionário, nenhuma vontade de mudar o mundo, o senado, nada. Nenhuma vontade de mudar coisa alguma.

Onde está aquela a efervescência dos movimentos, aquela ânsia de mudar as coisas, que todos ou pelo menos os jovens tinham antigamente. Onde estão aqueles caras de Woodstock , onde estão os caras pintadas, onde estão todos eles quando mais precisamos ?

Dissolveram-se assim como nossos valores antigos de transformação, de insatisfação diante as coisas ruins, isso não tem mais valor hoje em dia. Os valores se resumem, em valores monetários, em tudo que se pode comprar. E isso é tão lamentável, certas coisas que deviam permanecer em nossas vidas se tornaram tão efêmeras. E todo esforço que a juventude passada fez foi praticamente jogado fora, ou ignorado por nós, que permanecemos inertes de frente a uma TV e pior acreditando nela.

O conceito juventude está mudando a cada dia, éramos ‘os revolucionários’, hoje somos tidos como ‘os consumistas’. Antigamente, se lutava pela liberdade, pela independência, por grandes e complexos ideais, hoje passamos grande parte da nossa vida sem nem saber o que é isso e conseqüentemente sem dar nenhuma importância, pensando em ‘como o sofá e a comida da mamãe são tão bons’. Lutando por um corpo perfeito, ’ah sim’, lutando pra acompanhar as tendências da moda ‘e como isso cansa’.

E não era s fácil pra eles (os velhos jovens), não havia moleza, eles continuavam mesmo assim, firmes e fortes, defendendo suas ideologias, enfrentando a quem fosse por uma sociedade mais justa. Acredito que muitos dos nossos avós tem muito a contar sobre isso,porém é uma pena que não tenhamos tempo para ouvir, ‘claro que não!’ Devemos estar no shopping, no salão ou jogando aquele indispensável vídeo game muito ocupados.

Alguns até tentam mudar, falar, gritar tudo que anda engasgado, mas a compreensão que recebem são os nobres apelidos de: louco, alienado, drogado, demente, insano, ‘só que ser’, entre outros. O que não impulsiona a ninguém continuar disseminando suas idéias,o óbvio é seguir a regra do comodismo. O medo implacável de não ser que nem o de antes na fila, faz com que mesmo discordando, concordemos com toda essa desordem vivida.

É inevitável pensar em quem nós seremos no futuro, pessoas bem sucedidas financeiramente, provavelmente, porém tão vagas e vazias, repassando isso para os nossos descendentes, toda a nossa não vivência, não experiência, todo nosso comodismo e conformismo.Mas quem sabe ainda haja tempo pra voltar e resgatar aquele brilho nos olhos, aquela união, aquela inteligência e senso crítico, que nós perdemos por ai.

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