5.8.08

Se eu fosse você lia todinho !


"Esta cartilha é um documento para dividir águas no movimento estudantil brasileiro. É uma ousadia que só hereges e anormais poderiam fazer. Mas isso nós somos mesmo. Porque, o normal seria estarmos sentados em nossas salinhas, decorando fórmulas, fazendo cálculos, pensando mil formas de agradar o ilústrissimo senhor diretor e, principalmente, tendo nosso diploma e o próximo concurso como meta principal.

Contudo, anormais que somos, estamos aqui formulando, desesperada e organizadamente, alguma maneira de mudar o mundo. Um monte de gente fala que isso não vale a pena, que é perda de tempo. Mas a gente olha o mundo lá fora e é tudo tão estranho… As pessoas valem tão pouco, os objetos valem tanto… Depois, a gente olha aqui dentro e vê que é esquisito também. A produção do conhecimento virou reprodução, o caráter público da educação foi pra prateleira, a universidade esqueceu do universo e ficou com o umbigo e pobre-feio-que-mora-longe quase nunca entra, e, quando entra, quase nunca fica até o fim. Aí, acaba que a Universidade, que devia pensar e produzir conhecimento pra desenvolver e mudar lá fora, é mais um instrumento de confirmação do pensamento dominante egoísta, individualista, mercadológico e excludente.

Pior é que esse sistema social e educacional tenta de todas as formas limitar nossa capacidade de reflexão justamente para que a gente não perceba a enrrascada em que nos meteram. A extensão universitária está esvaziada nas universidades públicas e inexistente – ou maquiada – nas instituições privadas; os espaços de ação cultural, de debate filosófico, de confronto de idéias são exceção na vida acadêmica; a pesquisa e o ensino, instrumentos de libertação, transformaram-se em CTRL C + CTRL V ou em projetos empresariais, financiados por uns ricaços que, mais inteligentemente que a República Federativa do Brasil, perceberam que a Universidade demanda muita coisa boa e trataram logo de comprar pra eles. E isso tudo é pra que a gente não entenda o mundo por completo e fique que nem Chaplin em Tempos Modernos, apertando os mesmos parafusos, apertando os mesmos parafusos, apertando os mesmos parafusos, apertando os mesmos parafusos.

Como é que a gente pode ser normal se o normal é tão estranho? É tão ilógico, é tão pra-pouca-gente…

Não! Nós só podemos ficar com a anormalidade. Com a loucura dos sonhos. Com a embriaguez da esperança. Nós não vamos nos adaptar. Preferimos o lado dos excluídos, dos descamisados, das mulheres guerreiras, do povo trabalhador. Nós caminhamos com os movimentos sociais, somos contra a guerra e o capitalismo, não gostamos da Globo e muito menos do padrão de beleza e comportamento que nos impõem. Nós gostamos mesmo é dos negros e dos brancos, dos gays e dos héteros, dos homens e das mulheres, dos poetas e dos gagos, da lucidez e da loucura. Nós gostamos do diferente, da riqueza do diferente, da contradição do diferente, dos questionamentos do diferente.

Nós achamos que tudo deve ser pra todo mundo. Que o mundo, deve ser para as pessoas. Que as pessoas são o mais importante.

Por isso, nossa passagem pela Universidade não será em vão. Por isso, nós somamos nossas individualidades aos anseios coletivos. Por isso, a gente faz Movimento Estudantil. Pra juntar um monte de gente anormal como a gente e lutar para mudar a Universidade, derrotar a hegemonia do pensamento único, mudar o mundo.

Só que nós achamos que o movimento estudantil também está muito adaptado à normalidade. Muito chato, muito burocrático, muito centralizado. Egoísta, imediatista, competitivo. Tem gente que só quer debater o neoliberalismo e tem gente que só quer debater a falta de papel higiênico no banheiro. Tem gente que só quer ganhar eleição e tem gente que só quer reclamar.

Nós queremos ligar a falta de papel higiênico à política neoliberal de corte de investimentos na educação. Nós queremos participar das entidades para melhorar o movimento estudantil, pra trazer mais gente pra fazer isso com a gente.

Até porque todas essas loucuras só são possíveis e só são desejáveis se forem feitas com as pessoas participando. Por isso, movimento estudantil para nós tem que ser de massas, tem que envolver a diversidade, tem que ser leve, aberto, combativo. Tem que conquistar na vida real, no dia-a-dia de dificuldades. Mas tem que ter um norte político claro, uma posição na sociedade. Resumindo: tem que manter os pés no chão sem tirar a cabeça das nuvens e tem que ter muita, muita gente senão não representa o tanto de nossos sonhos."


Movimento Mudança

http://mudanca.soylocoporti.org.br/

é mto chato gritar pra ninguém ouvir, certas coisa não simples caprichos, mas me conformei, ser manipulado é mais fácil e confortável


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